sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Corpo, alma e sentimento.

Naquela noite as cosias pareciam estar como de costume. A lua em todo seu esplendor, beijava o parapeito da janela daquele apartamento escuro. Os sons da cidade grande se perdiam no silêncio de meu quarto.
Sobre a cama havia livros, revistas, roupas, anotações, eletrônicos e um corpo. Sim, um corpo. Onde estaria aquela alma tão perturbada? Aquela que vai junto ao corpo à Central do Brasil todas as manhãs, e se perde em pensamentos distantes... Onde está? Talvez esteja ali. Ela só procura repouso. Não eterno, ela não pretende alcançar o céu. Ela gosta de sair junto ao corpo, andar sobre a areia de Copacabana e sentir a brisa fria do mar revolto tocar seu rosto, lamber seus cabelos, e fazer com que o sabor da maresia permaneça em seus lábios quentes. As ondas levam e trazem o que eu pretendo esquecer. Problemas, questionamentos, casos mal resolvidos, coisas que nunca terminei, outras que deixei por fazer. Saudades, amores, falsas esperanças, desilusões, historias, lembranças, sonhos, medos. Muitos medos.
Não é tão fácil quanto parece. Sair à noite depois de tanto trabalho, entrar no metrô  vazio e poder ser olhada, olho a olho, por cada um que ali está, me causa arrepios. Me acostumei com a frieza da cidade grande. A desconfiar de cada gesto, cada olhar e cada movimento.
O que aquela alma queria mesmo, não era a brisa, não era o mar, nem a areia. Ela queria poder confiar nas pessoas. Receber um bom dia sem achar que vão tentar lhe vender algo. Trocar sorrisos, olhares, palavras de conforto, com as pessoas do metrô lotado.
Andar na rua sem precisar prestar atenção em tudo, o tempo todo. Não ter medo de ficar em casa. Não ter medo de estar sozinha. Enfim, não ter medo das pessoas.

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